Uma nação que confia em seus direitos, em vez de confiar em seus soldados, engana-se a si mesma e prepara a sua própria queda."Rui Barbosa.

domingo, 9 de maio de 2010

RESUMO PLOTINO

Reflexão sobre si [mesmo]: para alcançar maior “elevação”.
Para Plotino o homem é responsável por seu destino. E como em Platão a alma e o corpo não são opostos, mas a união entre a alma e o corpo é como um “composto” – uma “justaposição”.
O conhecimento do mundo sensível.
Para Plotino as almas humanas, já preexistiam na alma universal. A alma separa se da alma universal, pela pura vontade de ser independente.
Como se dá o conhecimento do mundo sensível?
A alma tem objetos em potência [que são como impressões dos objetos da realidade]; os orgãos do corpo [a experiência] também pode fornecer o conhecimento.
Tanto o cognoscente quanto o objeto possuí as mesmas qualidades pela qual se aprende o conhecimento, e [pelo qual se conhece as coisas]; Plotino não é subjetivista; … “O mundo objetivo existe e não é criação do sujeito cognoscente.”. Para Plotino “a alma possui os objetos, mas não em ato, [e estes objetos] estão depostos numa região obscura [da alma]”; “Para iluminá-los e saber que os possui em si, é necessária uma luz que ilumine o que está impresso nela [na alma]; é necessário que conforme o que nela está impresso com a realidade da qual é a impressão.”. E, “É a alma que de alguma maneira (hoîn) os toca e ilumina com uma luz dela proveniente e os pôe diante dos olhos”… “os objetos saem do sono obscuro e se tornam mais claro”… [passando de potência para ato].
As coisas existem independente do sujeito-cognoscente – e, [mais ou menos] para Plotino existe uma espécie de “polaridade sujeito-objeto”. No mundo sensível por ser [apenas] imagem do mundo inteligível é um mundo belo, entretanto é [apenas] um mundo aparente – e por isso não deve se apegar muito a ele –; este mundo [sensível] é a imagem do mundo inteligível.
A prova da insuficiência do mundo sensível está em sua constante mudança – logo, é necessário [para Plotino] que haja [exista] um mundo eterno.
Não se deve ignorar o mundo sensível, deve-se procurar o mundo inteligível [enquanto qualidades primárias] pelo [por meio do] mundo sensível [enquanto segundas categorias]; assim, e com isso, deve-se [cada vez mais] buscar assemelhação com o Θεός, com o UNO.
E o mundo inteligível?
Lugar invisível.
Sem exten são espacial.
Só pode ser conhecido pelo intelecto.
→ O UNO (Hén) [Deus, Bem, Supra-Ser].
→ A Inteligência (Noûs). → Esses três co mpõem o mundo inteligível.
→ A Alma do Mundo (Psychê; ψυχή).
Para Plotino não há necessidade de provar que o mundo inteligível exista, pois é impossível que não exista – por isso, Plotino, usa frases e termos como esses: “é necessário”, “é impossível que não seja”.
A alma é incorruptível e simples, e por isso é imortal e indestrutível.
O apriorismo de Plotino era pressupor algumas verdades absolutas, para montar seu pensamento [sua filosofia], verdades como: o UNO, a Inteligência, a Alma do Mundo, as Almas humanas, e todo [ou tudo que compõe] o mundo inteligível.
A beleza deste mundo [sensível] é um simples reflexo do Belo-em-Si, e o belo “daqui” [do mundo sensível] deve ser observado [e refletido] com a única intenção de se pensar para “além-daqui” [para o mundo inteligível] – logo, e mais ou menos assim, o mundo empírico é um vestígio, uma imagem como o reflexo da água da beleza inteligível.
Plotino, não é, nunca foi, não há como ser Panteísta. A causa (o UNO) se relaciona com os efeitos (as coisas, os entes criados) – por assim dizer, os efeitos não são, e não precisam ser, iguais a causa; a causa é distinta dos seus efeitos.
A busca por assemelhar-se ao Θεός, ao UNO, só é possível pelo busca de “dentro de si”, e faz com que o homem una-se a ele, ao UNO.
E o conhecimento místico?
O ideal da vida de Plotino é elevar-se ao UNO – é unir-se ao Θεός. Existe uma grande diferença entre “Mística” e “Misticismo”; A Mística busca ao Θεός, ao UNO, e é despojada de sentimentalismo, e a união se dá com almas purificadas e sãs. O Misticismo busca o UNO, busca ao Θεός, ou pelo menos tenta buscar, mas se caracteriza [sobremodo] pelo sentimentalismo exagerado estando sujeito a exageros e “irracionalidades”.
O que é Kátharsis para Plotino? É a libertação das coisas do mundo sensível, é a fuga do mundo, das chamadas “paixões violentas” – é o que Plotino chamava de: “áphele pánta” [que seria melhor entendido, ou Plotino queria dizer com isso que deveria ser “renunciar as coisas mundanas”].
A Kátharsis é uma fuga moral, uma espécie de conversão. Para a união mística ocorrer, deve se abandonar: os prazeres exagerados e mundanos, e os sentimentos violentos. Para Plotino a união mística é a forma suprema de contemplação.
Nessa união mística ocorre o êxtase – o sair de si – é um contato com o UNO, com o Θεός – não apenas uma visão, não apenas um sentir, o melhor seria um contato. A união mística é diferente do “experimentar” o Noûs – a Inteligência – não há o contato, não há êxtase, seria uma reflexão profunda para simplificar e posteriormente chegar ao contato com o UNO; depois da Inteligência ocorre o êxtase, – são coisas distintas.
O UNO é onipresente, ou seja, está em todos os lugares, sempre. É necessário a disposição da alma para concretizar, efetivar, a união (henôsis) mística – seria como que: dependesse tanto do UNO para ocorrer a união mística como da alma humana, depende de ambos. Plotino abre espaço para a graça do UNO e [para a necessidade da] disposição da Alma humana. Não é algo puramente teórico mas um desfazer das “amarras” deste mundo. O êxtase se assemelha a contemplação feita por um escultor ao concretizar sua obra prima – é algo que o desliga do mundo, fazendo com que só esteja ligado ao UNO, e todo seu ser volte-se somente para ele.
Capítulo V: O mito nas Enéadas.
Mito para Plotino é algo que significa, que traz mensagem, que poderia trazer, desvelar algo [ou melhor dizendo um sentido].
Mito Olímpico→ Uranos – UNO→ Kronos – Inteligência→ Zeus – Alma do Mundo, dá a Zoé [vida, rege o mundo, “persevera” a vida, o mundo, os entes criados].
Mito Órficos→ A imortalidade da Alma.→ A necessidade de fugir dos prazeres do corpo [fuga do corpo].→ A música como necessidade para elevar se no espírito [em direção ao UNO].
→ Aphaíresis, a necessidade de renúncia as coisas mundanas.
→ Inferno, idéia de punição do mal.
O mito Palavra
→ A palavra humana em si também é mito; pois a palavra humana ao mesmo tempo que revela também oculta… a palavra humana nem sempre diz “densa de idéias” [de sentido] e se engana constantemente.
→ É melhor uma Filosofia do silêncio do que as palavras – isso é necessário para uma constante e profunda reflexão. A fuga do mundo consiste em procurar o Θεός pela Inteligência, e com isso vai se assemelhando ao UNO, ao Θεός.
Plotino usa os mitos [possivelmente] porquê: Platão usava várias e várias vezes; e por causa do contexto histórico, ou seja com a “deixa” dos mitos por causa da expansão da religião cristã e das deturpações que o gnosticismo fazia, Plotino procurava sempre trazer de volta, ou seja, uma volta aos mitos – para, talvez, uma possível função educativa. Mito para Plotino sempre foi uma História que “quer” contar outra realidade.

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